Jurídico
Em curso sobre corrupção, autoridades apontam danos para a economia e o futuro do país
O diretor-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), ministro Herman Benjamin, afirmou que a corrupção não é um crime comum, porque além de afetar o presente, sua prática gera consequências que prejudicam o futuro do país. Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a corrupção compromete o desempenho da economia, tira eficiência do setor público e mina a confiança no país
Os dois participaram, nesta quarta-feira (11), da abertura do segundo curso nacional Corrupção e os Desafios do Juiz Criminal, em Brasília. O evento de três dias, promovido pela Enfam, reúne juízes e desembargadores estaduais e federais de todo o país. Entre outras autoridades, a abertura contou com a presença do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Herman Benjamin destacou a necessidade de um debate profundo sobre a legislação e sobre o impacto da corrupção no Estado social de direito. Segundo o magistrado, a corrupção contribui para aumentar a desigualdade no país, em um sistema que transfere recursos dos pobres para os ricos e poderosos, e cabe aos juízes zelar para que isso não ocorra.
O ministro fez um alerta sobre mudanças legislativas que podem ter efeito diverso do pretendido no combate à corrupção.
"Temos uma alteração na lei penal, incluindo dispositivos cíveis, que corrói a Lei de Improbidade Administrativa. Isso foi feito sem debate, ao contrário do que houve na época das discussões sobre a Lei 8.429/1992", declarou Benjamin.
Aperfeiçoar a gestão
O corregedor-geral de Justiça, ministro Humberto Martins, disse que o Poder Judiciário, para responder aos anseios da população, precisa encontrar meios de ampliar a transparência, a eficiência de suas ações e a cooperação judicial, viabilizando uma melhor gestão no combate à corrupção.
"O que se verifica é que o Brasil tem feito o seu papel no cenário nacional e internacional, inclusive se reestruturando internamente em prol do combate à corrupção, como é o caso do Conselho Nacional de Justiça, que tem envidado todos os esforços ao seu alcance para criar mecanismos que fortaleçam esse combate", afirmou Martins.
Corrupção crescente
O secretário nacional de Justiça, Vladimir Passos de Freitas, disse que é falsa a sensação de que a corrupção sempre existiu na forma atual e apenas não foi descoberta antes: "A corrupção aumentou, e foi muito, nos últimos anos. Foi um mal que se alastrou pelo país".
O representante das Nações Unidas no evento, Niky Fabiancic, comentou que, todos os anos, 1 trilhão de dólares são pagos em subornos, e outros 2,6 trilhões são desviados, correspondendo a 5% do PIB mundial desperdiçados com a corrupção. Para ele, os números evidenciam a centralidade do tema no mundo atual.
Estiveram presentes à abertura do curso os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogerio Schietti Cruz e Nefi Cordeiro (coordenadores científicos do evento), Jorge Mussi, Antonio Saldanha Palheiro e Joel Ilan Paciornik. Na sequência, foram apresentadas as conferências do ministro Sergio Moro e do procurador Augusto Aras.
Lava Jato
Sergio Moro destacou sua experiência nos cinco anos em que atuou como juiz federal à frente da Operação Lava Jato. Ele chamou a atenção para o fato de que a corrupção afeta a eficiência do Estado e da economia, prejudicando também a confiança dos brasileiros no país.
"O discurso contra a corrupção é fácil. Difícil é refletir esse discurso em ações concretas, em atitudes. Esse é um dos papéis da magistratura", afirmou.
Moro disse que a experiência na Lava Jato foi importante para realçar que todos têm um papel a cumprir no combate à corrupção.
Eleições
Em sua conferência, Augusto Aras afirmou que o Ministério Público Federal busca um novo paradigma de atuação – sua principal tarefa para 2020: "Precisamos de um modo especial de atuação: a busca da unidade, respeitando a atuação individual de cada um dos procuradores".
Ele lembrou que aproximadamente 1 milhão de brasileiros serão candidatos nas eleições municipais de outubro e que o MP precisa estar atento às tentativas ilícitas de influenciar o processo eleitoral, especialmente nas pequenas cidades do interior.
"Panorama da corrupção no Brasil e no mundo", "Plea bargain: existe modelo possível para o Brasil?", "Combate à corrupção no direito comparado" e "Corrupção e os desafios na cooperação jurídica internacional" são os temas de alguns dos painéis previstos na programação do curso.
Clique aqui para ver a programação completa. E aqui para saber mais sobre o curso.
Jurídico
TRF4 nega recurso da União e determina fornecimento de medicamento para criança com AME
A 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidiu ontem (6/4), por unanimidade, negar recurso da União e manter a decisão de primeira instância que determinou o fornecimento do medicamento Zolgensma, para tratamento de uma criança com Atrofia Muscular Espinhal (AME).
A menina, de 1 ano e 3 meses, mora em Porto Alegre. A mãe ajuizou ação na Justiça Federal em abril do ano passado, alegando que sem o fármaco, a filha corria risco de morte. Em fevereiro deste ano, a 2ª Vara Federal de Porto Alegre proferiu sentença favorável, com cumprimento imediato, determinando à União o fornecimento do medicamento, que tem o custo aproximado de R$ 12 milhões.
A União recorreu com pedido de efeito suspensivo à decisão, e o valor, já depositado judicialmente, não foi liberado. No dia 11 de março, o relator do caso no TRF4, desembargador federal João Batista Pinto Silveira, entendeu que, devido à relevância da matéria, o pedido deveria ser examinado pelo colegiado, e pautou o processo para julgamento na sessão desta quarta-feira.
Na sessão, que foi realizada de forma telepresencial, a 6ª Turma manteve a determinação de fornecimento do tratamento. O relator destacou que “é conhecida a posição do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o alto custo da medicação não justifica, por si só, negativa de acesso a tratamento de saúde, uma vez que os pedidos devem ser apreciados caso a caso”.
Em seu voto, o magistrado ainda ressaltou: “mesmo que o fármaco Zolgensma não promova a cura completa, há indícios de que proporciona maior qualidade de vida, com significativa melhora da função motora e redução da necessidade de suporte ventilatório invasivo; tende ainda a apresentar riscos menores para os pacientes, pois não exige que eles se submetam a punções lombares por tempo indeterminado em ambiente hospitalar. Por fim, encerra-se após aplicação de uma única dose, enquanto que os medicamentos já incorporados ao SUS (como nusinersena e risdiplam) são de uso contínuo, de modo que o custo para a manutenção destes últimos, que também têm valor elevado, pode vir a ser tão dispendioso quanto o primeiro”.
Ele concluiu a manifestação de forma favorável à entrega imediata da quantia necessária para o remédio. “Com relação ao perigo de dano grave à União, de difícil reparação, impõe-se considerar que os riscos são consideravelmente mais elevados para a parte autora, já que, à falta de tratamento, a doença degenerativa tende a seguir seu curso, podendo levá-la a óbito. Há também risco de perda da janela de oportunidade. Com 1 ano e 3 meses de idade, aguarda tratamento que, para ter eficácia almejada, deve ser realizado até o final de seu segundo ano de vida. Assim sendo, a sentença deve produzir seus efeitos práticos imediatamente, inclusive quanto à entrega dos valores necessários à aquisição do medicamento”,afirmou Silveira.
Jurídico
Ministro do TST vem ao tribunal conhecer funcionalidades do eproc
O vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador Fernando Quadros da Silva, no exercício da Presidência, recebeu ontem (6/4) visita institucional do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Luiz Philippe Vieira de Mello Filho.
Vieira de Mello, que está em Porto Alegre para a realização da inspeção do CNJ no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, veio conhecer o sistema eproc e suas funcionalidades, principalmente aquelas relativas à execução penal, ressaltando a importância das novas tecnologias na prestação jurisdicional.
Também participou da reunião o coordenador dos sistemas eproc e SEI, juiz federal Eduardo Tonetto Picarelli.
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